15 de abril de 2009

Os muros que circundam as favelas

Por Francisco Valdean

Com um argumento bem intencionado, o governador Sergio Cabral pretende cercar 11 favelas da cidade do Rio de Janeiro com um muro de três metros de altura. Vestindo-se de branco o projeto alardeia aos quatro ventos sua intenção: conter a expansão das favelas que avançam sobre a mata atlântica, salvando assim, a natureza dos favelados sem consciência ambiental. Se o projeto fosse original e não tivesse uma concepção excludente, até poderia ser aceito devido a sua intenção explicita.

Além das 11 favelas localizadas na zona sul, o muro poderá ser implantado em outras favelas da cidade. O único problema é que o argumento terá que mudar, pois em grande parte da cidade a mata atlântica já não existe há muito tempo. É inegável que a ocupação urbana desordenada cause problemas ao meio ambiente, mas não é verdade que as construções nas favelas sejam as vilãs da degradação ambiental dos grandes centros urbanos.

Quando os colonizadores aqui chegaram à mata atlântica tinha uma área equivalente a 1,3 milhão de km². 7% é o que resta. Ao que parece, a participação dos pobres sem moradias neste processo de degradação foi mínimo. A incômoda verdade sobre o fenômeno da favelizãção é que esta cresce e se agrava por não existe iniciativas que realmente vise combatê-la. As iniciativas existentes são tímidas, incipiente e não atacam o cerne da questão.

Quem não é cego politicamente verá na história que a favelizãção é o resultado de um sistema excludente que empurra os pobres para os morros e áreas periféricas das cidades. Se assim quisermos, podemos dizer que o tal sistema gera muros: visíveis e invisíveis. Os visíveis caem com força bruta. Já os invisíveis são mais terríveis, pois agem no porão frio e escuro da desigualdade social e não ruirão com força física.

Qualquer um com o mínimo de sensibilidade e um pouco de consciência social sabe que o crescimento das favelas não será barrado com muros, grades ou qualquer outro tipo de contenção física. A questão da favelizãção aloja-se no interior dos muros invisíveis da sociedade e só será combatido, se primeiro derrubarmos a golpes de marretas os muros invisíveis que as circundam. Políticas públicas sérias na área habitacional e um projeto satisfatório de redistribuição de renda poderia ser um primeiro passo.

A favelizãçao é fruto de um sistema desumano que auto se alimenta da exploração. O alimento rico em caloria humana o faz engorda silenciosamente e a gordura excedente ameaça a saúde social dos hipócritas. Admitem a terrível anomalia e são cúmplices dos combates físicos empregados nas favelas. Combatê-la de fato significaria corta o cordão umbilical transportador do alimento gorduroso que mantém o sistema funcionando.

14 de abril de 2009

Morre mais um...

Quem irá chorar sua morte?

Quem falará em seu nome?

Quem noticiará sua breve vida?

O que a imprensa dirá sobre ele?

Talvez diga ou deixe implícito: que era traficante!

Louco não?

Cadê a imprensa que nem se dá ao trabalho de averigua o que de fato aconteceu, cada a justiça deste país?

Se ele era torto, se era mau, se andava com aquele ou aquela, cadê vocês que preferem ouvir apenas o lado furado da moeda. Pensando bem quem quer saber se ele estudava, se amava, se brincava ou se tinha sonhos, quem?!

Não entende o que esta escrito acima? esta no lucro, eu não entendo como pode morrer tanta gente legitimado por outros tantos. Só para se ter ideia, por ano, aproximadamente 50 mil pessoas são vitimas de homicídio no Brasil, mas não é qualquer brasileiro que morre, são os favelados pobres que lavam com sangue as ruas das favelas.

A vida na favela vale quase nada.

Até o próximo, que pode ser daqui alguns minutos.