Imaginem o seguinte:
O dia é domingo, por terra um batalhão de homens vestidos de preto avançam sobre a favela, seguidos e guiados por dois automóveis de aparência grosseira, tipo ficção.
A cena acima era o que transcorria por terra.
Pelo ar dois pássaros negros voam, só que ao invés de asas tinham hélices de ferro blindado.
Os pássaros negros barulhentos andam armados, podem “cagar balas” sobre as cabeças dos que estão em terra. São perigosos advertiu-me alguém que completou: “nestes momentos o lugar mais seguro é a casa “asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de...”: tiroteio entre polícia e bandido, não importando se isso é durante o dia ou noite.
Provérbio 13 p/ 18
Numa rua próxima pessoas pareciam não se preocupar com os fatos, conversavam, diziam piadas. Um dos homens das varias rodas de conversas tratou de incluiu a seguinte frase (“esses são os caveirões dos céus”) na conversa sobre os pássaros que sobrevoavam e ao mesmo tempo observavam os homens como se esses fossem carniças e eles famintos urubus.
A frase causou reações. A discussão agora era sobre leis, direitos e deveres. E as palavra e frases inteiras flutuavam como nuvens.
“aqui é favela”
“aqui é área de risco”
“aqui é área onde quem manda é bandido”
“aqui é área isenta de IPTU”
– disse o danado do homem, causando mais divergência de opiniões.
Os pássaros saíram em revoada após terem interrompido o curso normal daquele domingo com 5, 6 ou mais mortes. Cumpriram a missão e voaram para outra área da cidade que “precisavam deles mais do que nos”.
Os rituais dominicais seguiram como se nada tivesse acontecido, é bem verdade que entre um “gole de cerveja” e as conversas de futebol nos muitos bares da cidade alguém relembrava dos pássaros, mas a vida seguiu, tinha que seguir. Afinal a violação foi à visita dos pássaros e não os que os motivaram nos visitar.
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