9 de maio de 2010

Grito contra o muro da vergonha

Ontem, o Bloco Se Benze que Dá através de um ato na comunidade Nova Holanda convidou os mareenses a gritarem contra o muro que nos cerca.


O ato iniciou com a moradora Gisele Martins fazendo a leitura da * "Carta aberta contra os muros nas favelas Cariocas"
 
________________________________________________

Em seguida foi a vez da galera da APAFUNK. Lembrando que essa é a primeira roda de Funk na Maré.



Antes que o bloco tocasse o microfone foi aberto para se discutir a questão.

________________________________________________
 Outras imagens


________________________________________________

* "CARTA ABERTA CONTRA OS MUROS NAS
FAVELAS CARIOCAS"

Desde seu surgimento a favela tem sido alvo de intenso processo de estigmatização e criminalização. Inicialmente, a reação à favela era suscitada através de uma “preocupação” com os problemas relacionados à saúde, higiene e poluição estética da cidade. Atualmente, é a crença em uma incontestável associação desses territórios com a criminalidade, a ilegalidade e a pobreza que orientam a formulação de políticas públicas e o discurso das mídias empresariais. São exemplos desse processo de marginalização a remoção de favelas, a criminalização do funk, a ação policial violenta e, até mesmo,
discursos fascistas, como o do atual Governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, que aponta a favela como uma “fábrica de produzir marginal”.
Apesar da existência dessas medidas mais explícitas de segregação da favela, é sob o disfarce de “barreira acústica” – para a proteção sonora daqueles que moram próximos às principais vias expressas da cidade – que o Estado reafirma o processo de estigmatização e marginalização dos favelados. Conforme matéria do jornal Estado de São Paulo, serão gastos 20 milhões de reais – financiados pela Lamsa [Linha Amarela S.A.] – para que o muro seja erguido.
Contudo, não se trata de uma nova iniciativa. Em 2003 e 2004 projetos de lei apresentados à Alerj produziram uma evidente associação entre favela, violência e risco aos usuários das vias expressas. Naocasião, não se refletiu sobre o favelado, mas sobre a proteção dos usuários das linhas vermelha e amarela.
Os muros seriam levantados e o sentimento de segurança de uns seria garantido, enquanto a outros seria reservado o descaso. Do mesmo modo, também em 2004, iniciativa do então Secretário Municipal de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde, propôs medida similar a essa. Para nós, o que hoje se apresenta sob a forma de “barreiras acústicas” e “ecolimites”, se trata, na verdade, de uma reedição dessa mesma política que visa estigmatizar e criminalizar uma grande parcela da população carioca que reside nas favelas. Cientes de que as “barreiras acústicas” não poderão calar todas as vozes das comunidades encarceradas, os agentes dessa política segregacionista tentam enganar e/ou comprar associações e ONGs situadas na Maré.
Trata-se de mais um ataque assistencialista cuja finalidade é promover o maior controle dos espaços populares. A manutenção de uma política mercantil de projetos sociais não pode servir de moeda de troca dessa política fascista. Diversas instituições já aceitaram o dinheiro da Lamsa, mas é um e quívoco da Lamsa e dos governantes acreditar que essas ONGs representam todo o povo e as forças populares. Nossa resistência não se compra, nosso grito não se cala!
Nós, do Bloco Se Benze que Dá!, que desde 2005 buscamos formas de nos posicionar contra as fronteiras que existem dentro da Maré, escrevemos essa carta para denunciar a fronteira que quer separar fisicamente a Maré do resto da cidade. Assim, nos diferenciamos destes setores e propomos uma nova política que se construa junto com o povo. Que os recursos utilizados para a construção do muro e de outras medidas
direcionadas à exclusão da população pobre sejam revertidos para a eliminação dos muros sociais, abstratos. Ao invés de muros que separam, dividem, opõem, desejamos a construção de pontes, de elos, que reconheçam a favela como o que ela é: parte da cidade. Desejamos, isso sim, um real comprometimento com a garantia dos direitos humanos e civis para todos os cidadãos. Por uma sociedade sem muros, convocamos todas e todos para combatermos as barreiras que pretendem nos calar!

Abaixo os muros da Maré! O muro não abafará a nossa voz!
Nos encontraremos no DIA 08 DE MAIO,
15h - Roda de Funk com APAFUNK
17h - Reunião contra o MURO DA VERGONHA
Local: Praça da Nova Holanda,
Bloco Se Benze que Dá!

Como acessar o Bloco
blocosebenzequeda.com
sebenzequeda@gm ail.com

4 comentários:

Falar mal é fácil. O governo de Cabral mudou muito nosso Estado e continuará mudando. Com certeza outras áreas terão mais atenção. É complicado consertar erros dos governos anteriores.

Este comentário foi removido pelo autor.

"O governo de Cabral mudou muito nosso Estado". Qual Estado você mora? Pois o Estado Fluminense, vai ... Se dúvida vá além da Linha Vermelha. Cabral fascista!!!

Devo salientar que você nao conhece outra área do Rio a nao ser Zona Sul.
Mesmo nesta há vários absurdos contra a população. Seu modo de ver mudanças esta calcado num indiví-dualismo muito barato e baseado em relações de influencias como Damatta demostrará no seu livro A casa e a Rua sobre as particularidades do nosso país