Foto: Francisco Valdean
Ontem fui andar no teleférico instalado sobre as favelas que compõe o Conjunto de Favelas do Alemão, Zona Norte do Rio. O clima é de coisa nova, muita gente, moradores do Alemão e de bairros vizinhos experimentando a novidade.
Na estação de Bonsucesso, a movimentação e euforia, principalmente das crianças era tão aparente que podia se sentir a energia.
No Bondinho em que subi, Monara, Léo, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e _ _ _ _ _ _ _ e eu. Na estação do Morro do Adeus, mais três adolescentes entram na gôndola em que estavamos, era a 6°vez que eles subiam e desciam, o ar era de diversão.
O teleférico está na FASE 1- 3O dias (convidados – gratuito) 2ª à 6ª 9h às 11h/14h às 16h.
De um ponto de vista turístico, principalmente do tipo que adora fazer turismo em favela, a sensação causada pela visão é de cair o queixo! Mas o que tem a favela de exótico para merecer atenção no nível da curiosidade turística?
Fico pensando que talvez fosse mais saudável para a cidade se as pessoas fossem visitar as favelas e realmente, as vissem como são, sem a pieguice de nos achar pobres coitados, ou então ir nas favelas por pura curiosidade de como moram milhares de pessoas nesta cidade.
Uma vez tive contato com um grupo de jovens da Rocinha e o assunto do turismo por lá surgiu na conversa, o que posso dizer é que eles não tinham opiniões favoráveis sobre a prática. Nem tanto pelos visitante era mais pelo fato incômodo de serem “caçados” pelas lentes das câmeras dos turistas. Esta foi à expressão usada, se sentiam como caça fugindo de atiradores.
Não acho que o teleférico seja uma coisa ruim, acho que resolve inclusive algumas questões de transportes.
Mas não me agrada a ideia do turismo e me agrada menos ainda quando penso que nós somos vistos como exóticos. Digo isto pelo fato de que em alguns pontos do teleférico a vista é simplesmente estonteante, principalmente quando se passa por cima da comunidade da Grota, onde as casas vistas de cima parecem uma verdadeira obra arquitetônica feita coletivamente.
Mas não me agrada a ideia do turismo e me agrada menos ainda quando penso que nós somos vistos como exóticos. Digo isto pelo fato de que em alguns pontos do teleférico a vista é simplesmente estonteante, principalmente quando se passa por cima da comunidade da Grota, onde as casas vistas de cima parecem uma verdadeira obra arquitetônica feita coletivamente.
Para além da paisagem e da vista que é muito bonita, existem os problemas, problemas que deviam terem sidos solucionados pelo PAC* mas estes ainda existem e não sei se os que compõem todo o teatro tem algum interesse por eles.
Como é o caso de dona Marlene Soares de 55 anos, moradora do Morro da Baiana. A casa dela se encontra com inúmeros problemas, problemas que a moradora diz terem sidos intensificados com as obras do PAC.
O fotógrafo Léo Lima do Coletivo Favela em Foco já visitou por duas vezes a casa de Dona Marlene e é quase sempre uma angustia falar deste caso, que não é o único, inúmeros casos como este ocorrem abaixo dos milhares de metros de cabo de aço que levara muita gente a passar pelas 152 gôndolas sobre a casa de dona Marlene.
Muitas fotos serão tiradas, muitos políticos se elegerão e a vida continua numa boa e bela se vista de cima, mas lá embaixo estará dona Marlene sem conseguir dormir, um rio de esgoto corre por dentro do que já foi sua casa.
Muitas fotos serão tiradas, muitos políticos se elegerão e a vida continua numa boa e bela se vista de cima, mas lá embaixo estará dona Marlene sem conseguir dormir, um rio de esgoto corre por dentro do que já foi sua casa.
* Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
1 comentários:
Léo Lima
Ae Valdean, Muito bom o texto amigo.
Concordo com vc em quase tudo, menos na questão em que tal obra faraônica irá trazer melhorias para o transporte.
Os morros que cercam o alemão são muito altos, tao altos que quem mora no meio, já está lá em cima.
E lá em cima mesmo poucas casas ainda permanecem de pé. Ou seja, quem precisa, não precisa mais!
abraço
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