Por Francisco Valdean
“Jamais ouvi alguém dizer que morava no
complexo de Acari. Até porque o termo “complexo”, hoje amplamente utilizado
para designar grupos de favelas (“Complexo da Mangueira”), “Complexo da Maré”,
“Complexo do Jacarezinho” etc), é originário do vocabulário penal: “Complexo
Penitenciaria Frei Caneca”, por exemplo, engloba diferentes instituições penais
como a Penitenciaria Milton Dias
Moreira, a Lemos Brito e o Hospital
Penitenciário”.
Trecho do
livro “As cores de Acari: uma favela Carioca”
Marcos
Alvito
Quando se fala de Rio de Janeiro e o assunto
é favela, é comum referir-se aos Conjuntos de Favelas com o medonho termo
“Complexo”. “Complexo do Alemão”, “Complexo da Maré”, “Complexo do Caju”,
“Complexo de Manguinhos”. E outras dezenas de “complexos” existentes na cidade.
A definição tornou-se comum a ponto de ser
usado amplamente pela imprensa, pelas instituições públicas, e estranhamente é
utilizado por grupos com atividades voltadas para as favelas.
Antes de continuar quero dizer que não
pretendo aqui analisar o termo, a pretensão aqui se resume a uma abordagem superficial
do termo “complexo” associado aos conjuntos de favelas cariocas.
Numa consulta rápida de um dicionário é
possível ler algumas definições relativas ao termo complexo em seu sentido
universal.
1. “Que abrange ou encerra muitos elementos ou
partes”.
2. “Observável sob diferentes aspectos”.
3. “Composto por elementos de natureza
distintas”.
E uma quarta definição, esta me parece conter
o sentido usual do termo “complexo” em referência as favelas cariocas. A
definição em questão atribui aos espaços (que se convencionou chamar de favela)
a terrível imagem do lugar “confuso”, do lugar que habita um ator social “complicado”
e suas respectivas “complicações”.
A primeira vista e com base na vivencia talvez
seja possível dizer que o termo gera em algum nível implicações para a “navegação
social” dos moradores de favelas na cidade?
Mas deixemos isso para outro momento, num momento apropriado elaboro
uma argumentação sobre o termo “complexo” e sobre os pontos que possivelmente acho
que geram implicações para quem mora nas favelas do Rio de Janeiro.
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1 comentários:
Camarada, não uso este termos, e apesar de sua origem associada aos complexos penitenciários, precisamos reconhecer, para fins de análise, que o termo reflete, em alguns aspectos a complexidade deste contexto, o que contradiz uma visão simplista do mesmo, massificadora... Aí falo da complexidade como conceito científico, da teoria das complexidades, ... Além disto, temos que reconhecer as guerrilhas semânticas pela apropriação de termos como desenvolvimento, favela, comunidade... Percebo que moradores comuns de favelas gostam de utilizar o termo complexo, em um sentido prórprio, ou seja, como apropriação deste termo... Um forte e saudoso abraço, Fernando
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