Por Hélio Euclides
Entrou em funcionamento, na Nova Holanda, o Colégio
Estadual Professor João Borges de Moraes, com a oferta de Ensino Médio em tempo
integral, dando ênfase ao Empreendedorismo Aplicado ao Mundo do Trabalho. O
Colégio é uma conquista do Coletivo Maré que Queremos, formado por todas as 16 Associações
de Moradores da Maré. Para este ano letivo, foram ofertadas 80 vagas para a 1ª
série do Ensino Médio e ainda há oportunidades para quem deseja estudar na
Instituição.
Os alunos, Pablo Felipe, Maria Carolina e Deborah estão animados com a
meta da nova Escola, que visa o crescimento do cidadão | Foto:
Elisângela Leite
Os alunos terão aulas sobre como superar desafios, empreender e abrir negócios, e carga horária adicional em Português, Matemática e Inglês. A iniciativa tem a parceria do Sebrae, que formará os professores da Rede estadual em Empreendedorismo, e do Instituto Ayrton Senna. “Além das disciplinas normais, os alunos farão parte do Núcleo Articulador, que reúne Projeto de Vida, Projeto de Intervenção e Pesquisa, Estudos Orientados e Empreendedorismo”, informa a coordenadora pedagógica Marinalva Velasco.
Por ser o primeiro ano de funcionamento, a Escola
passa por alguns ajustes para atender os alunos. “Esse ano a meta é criar duas
turmas completas. Os profissionais que atuam aqui são remanescentes do
movimento popular, moradores e ex-moradores. Isso enfatiza o compromisso com o
direito social à Educação Pública de qualidade para todos”, afirma o diretor Marcelo
Belfort.
Uma escola diferente
Os novos alunos se surpreenderam com a meta da nova
Escola que, além da questão acadêmica, impulsiona o desejo de crescimento do
cidadão. “Os professores nos incentivam a estudar e a desejarmos uma Maré melhor.
Nos transformamos em multiplicadores, para levar o que aprendemos aos outros.
Nessa Escola entendemos que há violência onde moramos, mas que é necessário um
outro olhar, de um lugar de coisas positivas. Essa é a primeira Escola que nos
dá força para agir”, afirma a estudante Maria Carolina Nascimento, de 15
anos de idade.
Pablo Felipe, também com 15 anos, não conseguiu vaga em nenhuma
escola que queria, e também não desejava estudar à noite, por receio da
violência na cidade. Uma amiga de sua mãe recomendou o Colégio da Maré: “no
começo, achei muito estudar das 7h às 16h, mas me acostumei. Gostei daqui, pois
os professores nos ajudam a pensar, a ser pessoas pensantes”. “Desejamos quebrar o paradigma de que lá fora é
melhor, de que aqui é só um novo Colégio. Para isso, temos bons profissionais,
o corpo docente formado por 10 professores, que visam refletir o amanhã, que
mostram a importância de se apropriar do território, de transformá-lo”, lembra
a diretora-adjunta Viviane Couto. Ela explica que o objetivo do Colégio
é desenvolver um projeto de gestão coletiva, com alunos, professores,
responsáveis, instituições, associação de moradores e equipe gestora.
Três anos de Escola fechada
O Maré de Notícias, na Edição 54, de junho de 2014,
noticiava a construção de um colégio estadual. As obras começaram no mesmo ano,
mas foram três anos de espera. “A Associação cuidou para não depredarem a
Escola, ou virar um condomínio. Para o funcionamento, pedimos ajuda à Redes da
Maré e, dessa forma, conseguimos inaugurar”, lembra o presidente da Associação
de Moradores de Nova Holanda, Gilmar Rodrigues.
O diretor da Redes da Maré, Edson Diniz,
acrescenta que no passado os moradores reivindicavam uma escola de Ensino Médio
Integral, desejavam uma opção de boa educação, uma possibilidade para os jovens
estudarem próximo de casa: “a parceria da Redes da Maré, Associação de
Moradores e Secretaria Estadual de Educação nasceu da necessidade de colocar a
Escola para funcionar. Estamos estruturando essa parceria para fortalecer essa
Escola, já que muita gente nem a conhece ainda”.
Minha escola tem um nome
João Borges de Moraes nasceu em Alvinópolis (MG),
em 1911. Lecionou em instituições educacionais do Rio de Janeiro e foi diretor
do Colégio Lemos Cunha. Em 1989, recebeu da Câmara Municipal o título de
Cidadão Carioca.
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