5 de novembro de 2007

Capoeira

Aconteceu no dia 27 de outubro no ultimo sábado o 2º encontro de capoeira do Grupo Capoeira Martins que tem como lema o Esporte, Arte e Cultura.
O encontro acontece anualmente e é organizado pelo mestre Fagner e pela segunda vez aconteceu na Casa de Cultura da Maré.

A idéia é que esse encontro aconteça todos os anos e leve um pouco da história da capoeira e faça a integração das pessoas que praticam ou tenha interesse pelo esporte trazido pelos nossos ancestrais da África para Brasil. Disse Fagner.
A prova disso foi a presença de alunos de diversas instituições de educação da Maré.
O grupo faz um trabalho em 8 instituições de ensino, creches e escolas infantis, 7 são situadas na comunidade da Maré.

Participam do grupo jovens e adultos em varias faixas etária, e as crianças a pesar de terem pouca e idade e pouco tempo no esporte já fazem movimentos quase perfeitos se comparados aos mais experientes no esporte.

Historia do grupo e da Capoeira
O grupo se formou há 2 anos como um grupo filial do Grupo Capoeira Martins de Bonsucesso fundado em 1970 e funciona em um espaço da Igreja Nossa senhora dos Navegantes. O grupo encorpara os 2 estilos da capoeira, mais o predominante é o estilo regional.

Fagner em vários momentos do evento reforçou a importância da capoeira para a luta dos negros no Brasil. Entre uma das importâncias que merece destaque é que os escravos usavam a capoeira para ludibriar os senhores de engenho. Em um determinado momento da historia do Brasil os senhores de engenhos proibiram então a prática dessa luta entre os escravos , sofrendo pressão da Polícia Imperial e Milícia Republicana, os negros porém acharam uma solução: disfarçaram a Capoeira colocando mímicas e danças acompanhadas de músicas . Quando o feitor passava pelos negros "Brincando de Angola" batia palmas, apreciava, achavam bonito sem saber que ales estavam praticando a já proibida capoeira. Assim disfarçada em divertimento a capoeira sobreviveu até os dias de hoje. Completa Fagner.

Fragmentos retirados do site http://www.truenet.com.br/neto/historia.htm

Capoeira
O surgimento da Capoeira no Brasil foi devido as condições em que os escravos eram obrigados a viver , condições que muitas vezes os levavam a morte.A cultura africana sofre modificações face à nova realidade e toda a revolta de um povo vai se moldando a ânsia de liberdade , surge então a capoeira uma luta em forma de dança que tornou realidade um sonho chamado de liberdade.

O Jogo
"Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois capoeiristas partem do "pé" do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda.
A Malícia
Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando.
Os Golpes
A Capoeira (de Angola) tem um número relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas. Os seus principais golpes são: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão.
A Música A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau instrumento composto de uma haste tencionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior. O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu t imbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda músicas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom Capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.
(Francisco Valdean)

Qula É a Nossa Cara?

Tenho a intenção de relatar nas linhas a seguir as minhas impressões sobre a peça Qual [é a Nossa Cara, em cartaz até dia 30 de setembro na Casa de Cultura da Maré, de terça a domingo, às 19 horas, com entrada franca.

A peça conta a história da Maré, mais especificamente da comunidade Nova Holanda, onde basicamente a história se passa. Digo basicamente porque a peça fala de fatos ocorridos no bairro e faz um link com outros acontecimentos, alguns mundiais.
Antes de começar de fato a narrar minhas impressões queria falar de cada um dos atores que compõem o grupo. Todos são moradores da Maré e alguns eu conheço já há algum tempo. Todos têm um envolvimento com a arte e de alguma forma são pessoas que atuam na construção da história da Maré.

Priscila e Geandra
O primeiro contato que tive com elas foi no grupo Rede Maré Jovem, movimento de jovens da comunidade da Maré que se propõe a pensar e construir políticas públicas para a juventude de forma abrangente e articulada e encaminhar ações que possam aproximar os jovens em torno de atividades culturais, educativas e promotoras de cidadania.
Mas nossas amizades se consolidaram quando entrei no curso pré-vestibular no Morro do Timbáu em 2006. Ambas eram muito engajadas e atuantes nas questões coletivas. Além do curso tive contato com elas no Bloco Se Benze que Dá e em vários outros momentos da história recente da Maré.

Davi e Davi
Digo Davi e Davi por que são dois. Um eu conheci em um curso de fotografia no Observatório de Favelas, o Davi Marcos. O outro, Davi Santana, no Curso Pré-Vestibular da Maré (CPVM) da Nova Holanda, curso preparatório para o vestibular oferecido pela ONG CEASM para toda a Maré, com duas sedes, uma no morro do Timbau e outra na Nova Holanda. O curso existe desde 1997 e foi através desse curso que a Maré elevou de 0,6% em 1990 para 1,85% em 2005 o número de pessoas da Maré nas universidades públicas e particulares do Rio de Janeiro.

Wallace e Jaqueline
Conheci os dois em um Encontro Nacional da Juventude Campo e Cidade na Florestan Fernandes (Escola do MST em São Paulo). Na ocasião a Companhia Marginal apresentou um pouco do trabalho que vinha desenvolvendo na comunidade da Maré. Posteriormente os encontrei no desfile do Bloco Se Benze que Dá de 2006. O Se Benze que Dá é um grupo carnavalesco que através da música tenta romper com as barreiras visíveis e não visíveis existentes no bairro da Maré e todo os anos realiza dois desfile pela comunidade.

Diogo Vitor
Conheci no mesmo curso de fotografia que conheci o Davi Marcos, lembro que ele tinha muito talento para fotografar, ele imprimia uma composição muito particular nas suas fotografias. Mas saiu do curso para se dedicar à Cia. Marginal.

Tatiane
A Tatiane é a única que não conheço como os demais. Mas sempre a vejo pela comunidade.
Falo de todos esses grupos: CPVM, Bloco Se benze que Dá, e outros e você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a peça de teatro. Eu respondo tudo. Pois como bem diz o nome da peça “Qual é a Nossa Cara?”. A Cara da Maré é tudo isso e não é à toa que todos esses grupos que falei de uma forma ou de outra são mencionados no espetáculo. No último domingo fui mais uma vez ver a peça,  Essa é a quarta vez que vejo, das quatro vezes, três eu estava fotografando e entre um clique e outro eu parava para ver as cenas e tentar entender qual era a mensagem que o grupo queria passar. As mensagens são as mais diversas. Domingo fui especificamente para assistir, pois acho que nas vezes em que estive fotografando algumas cenas eu não consegui entender.

A peça conta a história da comunidade Nova Holanda e de alguns moradores da comunidade, com a história saindo da comunidade e avançando na história da Maré. Afinal de conta todas, as 17 comunidades da Maré comungam uma história muito particular.

A peça fala dos abusos ocorridos na Maré. Abusos da polícia, abusos do tráfico, abusos cometidos com as crianças e até abusos dos próprios moradores com outros moradores. Abusos do tipo: alguém liga o som a toda altura não respeitando o vizinho. Fala ainda dos preconceitos vividos na comunidade:s exuais, religiosos, sociais. etc. Em alguns momentos fala simplesmente do cotidiano da comunidade e é aí que os pontos mais notáveis da obra acontecem, pois são nesses momentos que a grande qualidade e o diferencial do grupo aparece. Eles mostram esse cotidiano sem nenhum estereótipo, e o melhor, sem nenhuma apelação. A cena que mais me chamou a atenção: quando os atores dialogam com as pessoas da platéia. A pergunta é: você é ativo ou passivo? Essa cena não tem só o objetivo de falar do ativo e passivo na forma pejorativa que conhecemos, relacionada à sexualidade. Nessas cenas eles estão falando da nossa atividade ou passividades enquanto indivíduos no nosso dia-a-dia. O grupo mostra o quanto ao longo de nossas vidas somos ativos e passivos ao mesmo tempo.

Por fim, uma das melhores cenas do espetáculo é quando o grupo fala das diversas formas de opressões que os jovens moradores da Maré sofrem, sejam elas pelos pais, pela violência, pelo sistema econômico, pela polícia e até pelas ONGs que aqui atuam.

Sem nenhum exagero, acho que a peça é um marco na história da Maré é também um marco na históia do Grupo. Tudo isso que relatei não é nada criado ou retirado da minha imaginação, está tudo no enredo da peça.

Qual a Nossa Cara? – Cia. MarginalQuinta a domingo19 horas Casa de Cultura da Maré – Av. Guilherme Maxwel, 26 – Maré (Vindo do Centro, virar à direita na passarela 7 da Avenida Brasil, esquina com a Escola Bahia)Entrada Franca
Concepção e Direção - Isabela Peroni

Elenco Cia. Marginal, em ordem alfabética
Davi Marcos
Davi Santana
Diogo Vitor
Geandra Nobre
Jaqueline Andrada
Priscila Andrade
Tatiane Charlene